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13 de jun. de 2007

FEFELIBATA INFERNAL


No fim acabamos sempre fazendo o mesmo ciclo. É um padrão contínuo e dolorido. Algo universal, que quanto mais se faz mais se amarga. Entrar em uma fase de: ter um novo visual, novas amizades, fazer novas piadas, comprar um armário de roupas novas, mudarem todas as fotos da estante, mais uma vez mudar o álbum de fotos. Não ir mais a outros lugares, não olhar certas cartas, não ver mais antigos recados de madrugada no celular, não sair em outros lugares, não lembrar mais do passado, não ter saudade das grandes festas, das grandes emoções que outrora eram boas lembranças e agora são como um convite ao inferno mental, evitar certas palavras, não fazer certas relações, não criar antigas histórias, não falar de certo jeito, não ir a certas praias, não tocar certas músicas, não esperar mais por certo olhares, não pensar em certas propostas, não esperar nada, não sonhar com nada, não tentar prever, não se decepcionar com nada, não exigir nada. não pedir nada: não viver. Um poço, lodaçal, um assombro de precipício sem fundo. Um negar o próprio passado. Uma reinvenção patológica e patética da própria vida. Um fugir e temer tudo aquilo que um dia foi um prazer que olha, agora, com desgosto. Uma colossal culpa pelas decisões tomadas. Uma falta de esperança na humanidade, ou apenas na sociedade em que se vive. Tomar como base a realidade vista do que a realidade real. Ou mesmo tomar como realidade a suposta realidade enxergada pelos filtros doentios de um sentimento torto. A cratera gigantesca do humor, um abismo forte da alma. O não acreditar no amor. Uma displicência pela vida. Pelos valores. Pessoas amadas. Pelas pessoas desconhecidas. Uma fuga nos pequenos e míseros prazeres da vida. Um vício pela droga: o jogo, a futilidade e o sexo. Uma imensidão de banalidade pelas relações. Uma contradição ignóbil, hipócrita, ridícula e suicida. Uma ação feita, sendo para ela contra feita é fétida idéia. Como e com que direito exigimos o que não fazemos. Uma autodestruição sem volta. Uma vida oca, sem valores e sem sentido. Apenas imagens. Mostrar uma imagem que vale mais do que mil corações, do que mil verdades, do que mil sentimentos e do que mil vidas. Eu ego inflamado e hiper-protegido pela empáfia e asco da psicologia e filosofia do ser único, pensamento da nossa atualidade; a intenlizencia atual, grandes psicólogos e filósofos. Nós seriamos o que? Aquele que defende o auto-bem estar, devorando livros de bengala, uma auto-muleta-ajuda? Não importa o meio, seja matando metade da população mundial, se for preciso para ser feliz. Não temos espaço para tristeza, não podemos transparecê-las em nossos rostos. Um ideal inatingível, inalcançável. Uma felicidade com prazo de validade, relações sem compromisso, um não planejar a vida, uma reformulação dos valores a cada nova queda, um reinventar o amor a cada novo fracasso, uma inflexibilidade em olhar o outro, um exigir do outro aquilo que não se faz; um ego inflado idiota que arrota arrogância e desprezo. Sempre procurando o um chinelo torto, a cada nova desilusão pra uma alma velha, um pé calejado por andar de coração em coração a esguichar sangue a cada nova vítima. Um serial-kiler de sentimentos. Um postiço sentimento: uma paixão inventada. Uma insegurança exposta e jogada no colo de outrem apenas para descanso de consciência calejada e suja. É como se fosse um boneco que escala o poço, flutua em matéria imaginária, sonhada, um
amor-fantasia e quando acorda do sonho, eu melhor do pesadelo do amor programado, configurado e customizado; cai novamente no fundo. Fica-la novamente no fundo do poço, engolindo lama, blasfemando, praguejando contra todas as mulheres, todos os homens do mundo. Fazendo sempre as mesmas ações, como se fosse um disco furado, um filme em loop. Como um filme surreal vive a vida com ciclo de amores de fim-de-semana e corações partidos. A cada novo amanhecer um novo amor. A cada novo anoitecer uma nova desilusão amorosa. Um embasbacar a cada dia e uma dor inenarrável a cada noite. Um eterno FEFELIBATA INFERNAL, um pesadelo aonde as nuvens são feitas de lava, e a cada passo, dissolve seu corpo em morte, e destruição e desilusão...

Só há um caminho feliz, ou sigamos no amor verdadeiro, ou caímos no ciclo de fantoches e corações criados por papel, ilusão, morte e sofrimento: o lado “fake” da vida.

Leandro Borges

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