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19 de dez. de 2011

Monstros e Querubins

Dorme uma rosa, dorme um carinho.
O fio do tempo corta a minha pele
fico aflito e só
procuro por um espaço onde o tempo não me queime.

Onde a cidade anda aflita a cada esquina.
Onde meu coração é incompreendido.

Onde há menos flores, menos árvores, menos amores.

Onde o concreto me engole, e me sinto frio e áspero.


Vejo apenas nos olhos das crianças um outro mundo.
Onde me olham como anjos.
Sentem por mim.

Eu, sem auréola e sem asas.. busco voltar a voar.

As baratas na rua passeiam solitárias.. Kafka está morto.

Os naipes do mundo foram lançados, e não se ousa sair fora do baralho.
Me sinto além-jóquer, além baralho, e por assim ser; descartado.

Usado, reusado, usado novamente, reciclado e feito como objeto.
Muitas usam e dormem felizes.

Onde meu coração se revolta pela corrente de consumo.
Tento ser fera, para não ser visto como um príncipe encantado.
Busco que me vejam por dentro, e mesmo assim enjaulam a fera.

Seja príncipe ou fera, não me vêem a fundo, de verdade.
Sou apenas mais uma lata de sardinha, consumível, feio ou belo: não importa.


Me recolho e volto a olhar os olhos das crianças.


Nos tornamos monstros, longe da pureza, longe do verdadeiro e profundo.
Busco sair dessa ciranda onde muitos dançam e se ferem.
Ciclo de vício, dor e lágrimas.
Um rio que desagua em um mar de dor e desespero.

Leandro Borges

8 de dez. de 2011

Destom de Ariadne

Quando universos se tocam, as almas se reconhecem.
Mas quando as luzes estão em tempos diferentes, não podem confluirem.
Em desencontros de ciclos, de tempos, de espaços.
Atrair um mundo tão bonito, sincero, sereno e de sintonia próxima.
Um deslocamento que gera um descolar de tecidos, cria-se um vão entre corações.
Em volta da sua própria imagem, escultura, perde-se; como um cão em seu próprio rabo.
Enquanto isso procuro na sombra da areia desse deserto ainda fagulhas de um outro sol.

Leandro Borges

21 de nov. de 2011

Mundo Desnudo

E quando eu olho pela janela da minha vida e posso ver tantos vitrais.

Um sonho.
Um parque.
Tantos sorrisos.

Cores, luzes e flores.

Família.
Carinho.
Canção.

Passeamos juntos, vamos juntos.
Corações se abraçam e caminhamos unidos.

A falsa realidade do falso ego: não existem as roupas, não existem os carros, não existem os ouros, não existem as faces, não existem os corpos.

Vejo pela janela da verdade: Corações em amor, Corpos de luz e Canções.

Leandro Borges

6 de nov. de 2011

rEUvolução

Onde a sorte não escolhe, o sonho volta.
A caminhada longa e com muitas curvas.
Os tempos que se passou, cada vegetação.

Onde se vive com poucas moedas.

As pernas cansam, o sonho mais longe... até que um dia nascem as asas.
Perto de quem quer bem, fico bem, protegido.
Onde os corações ainda são corações.

A vida por falar das cachoeiras.
O barco por novas faces.
Os novos faróis de novos tempos.

Ocupei meu coração e tomo conta mais de mim.
Onde a revolução eu plantei no meu coração.
Na minha vida brotará a minha revolução pessoal.

Leandro Borges

2 de nov. de 2011

O futuro aqui e agora.

Onde a Onda Anda.
Lá no Luar Longe.
Se os Sonhos Surgem.
O Vento Voraz Voa.
A Mente Muda e Mistura.

3 de out. de 2011

Brilha primavera brilha

As bordas da alma.
As teias da luz do fim dos tempos.
Entre as veias de um quase outro tempo.
Segue um instinto leve e brando.
Entre tantas formas de ver, cura o vento com fogo.

Se no topo da criação ele fez como um elfo.
As mãos como teias, entrelaçadas de ar.
Saiam fitas das suas emoções, tinha tanta luz.
E ainda vibrava em notas mais doces e ásperas e leves.

Se o sol parece grande... nós podemos ser maior ainda.
Quando mais podemos voar, mais podemos derreter.
Como fungos tão bonitos de coração, somos amor.
A brisa suave atravessa nossas cabeças e faz aquele mel.

Deixa a pressa pra lá. Ela é para os cegos de coração.
Deixa o lucro pra lá. Ele é para os adormecidos de luz, de consciência.
Deixa o ego pra lá. Ele é o mal do mundo, o anti-Deus da nossa existência.

Atalhos são partes do retalho da não completude das coisas.
Siga forte como um rio e suave como uma borboleta.

Os raios de sol estavam recheados de flores e no coração a primavera.
A vida mais uma vez renovada, reesverdeada por aquele verde claro.
Deixo a casca do carvalho me proteger.
O roxo claro dos ipês me remeter.
Quero toda a porto alegre do meu coração.
Levo o Guayba por onde for.
É de porto-alegrares que indo em mim.

Eu vi um campo tão lindo de flores no meu sonho.
Quero todas as cores e outras mais, peço permissão a natureza para abrir os olhos dos meus olhos.
Peço as sementes mágicas que deixem, como meus ancestrais deixaram voar.
Eu sei que posso voar, e os brutos de alma nunca entenderam isso.
Quanto mais racional, mais vil se torna.
Quando o coração fala e é realmente escutado e seguido, a vida é vida.

Quando a vida não é mais vida, seguimos as cifras, os números a lógica.
Essa lógica que não é lógica, porque mata por lucro.
Não engula ideias que matam.
Ao contrário vemos retas, contas e números, matando a nossa natureza interna.
Matando as nossas vidas, nossas crianças, nossas emoções genuínas.
Nos desumanizando ao máximo, lutando por lucro e dinheiro sujo.
Vendendo até a própria mãe.
Onde há uma reta não há um coração.
Eu quero abrir a felicidade do meu coração e
jogar pelo ralo as ilusões líquidas de publicidade.

Se esse mundo é feito disso, quero distância.


E se a arte e contaminada por isso, morre a arte.

Quantas luz você já emanou hoje?
Saiba que não adianta nada fixar a vida naquilo que pode tocar.
Não há riqueza naquilo que toca, há riqueza quando consegues tocar alguém.

Pois ao atravessar essa vida, verás que teus bolsos serão outros e não terás dinheiro.
Do mundo material não se leva nada ao atravessar e vencer a morte, e então viver na espiritualidade.

Não haveria sentido viver se fôssemos fragmento de reta.
Somos o horizonte e o pôr-do-sol.
Tão infinitos na essência quanto Deus.
Eu sou ponte, quem fala por mim não sou eu.
Eu sou apenas um pote, onde eles podem lhe dar a água.

E quem bebe dessa água, jamais terá sede.
Essa sede que quando se mata, não temos mais o vazio da vida.
Uma vida pilastra-da em outras pessoas, cai, quando essas ve vão.

O turvo som de pássaros negros outra vez aparecem na casa da morte.
São esses mesmos que nos desafiam a voar.
Os ventos mudam a cada queda de um.
Se o sol não nascer, buscaremos outro lugar para estar.

Temos no corpo e na alma fragmentos de estrelas.
Buscamos pessoas que não deixaram de brilhar apesar desse corpo grosseiro que temos.
Ao escutar o canto dos pássaros sinto que tudo aquilo que canto é sujeira.
Admiro os pássaros por cantar.
Deveríamos ficar quietos por muito mais tempo,
parar as cidades e apenas deixar os pássaros ressoarem bonito.

Aprenda a escutar as músicas mais belas pela voz dos pássaros,
eles transmitirão somente aos corações abertos.

Vamos amigos da terra do nunca, sigamos nesse lindo trem até lá.
Com o coração puro podemos atravessar o rio.
Chegar a outra margem e então poder voar, conversar com fadas.
Ver além das borboletas, e ver então as ninfas, Afrodite e Dionísio.

Uma festa tão bonita como o sorriso de uma criança.
Onde o amor é protagonista.
Onde temos a riqueza de ajudar.
Onde a gentileza é nossa moeda.
Onde família é cultivada e tem raízes fortes.
Onde o ego é anulado.
Onde o coletivo tem alma e dança circular.

Eu sou amor.
Eu sou luz.
Eu sou flor, fogo e ácido.

Onde o mar namora a lua.
Onde o sol namora o pampa.

Admire, dance, transborde.
Cante, lute, sonhe.
Ame, queime, mude.

Vou deixar o meu coração me levar, no mar do amor.
Com o desejo voraz, com pé na estrada e o peito aflito pelo novo.
Tenho orgulho de ter sangue guarani, charrua, minuano... nas minhas veias e na minha alma.

Leandro Borges

30 de set. de 2011

Primavera da minha pele

Corre esse vento do meu rosto e agradeço por não lembrar o gosto de ti.
Triste saber que há tantas mulheres machistas nesse mundo, tantas mulheres idiotas.
Falta poesia para a maioria das mulheres que conheço...
São poucas e boas, e as conservo no meu coração as que não são.
Nada mais triste que a falta de sensibilidade...

Eu choro um rio de lágrimas e gosto disso.
Verto em cada gota minha emoção.
Posso explodir meu peito e meu sexo.
Mas há porque casar coisas assim.
A poesia do meu viver anda com meu ser.
Sou flecha e sou cravo.

Furo o vento e tua lógica rasa, de ignorância.
Furo o teu ruído e a tua alma suja.
Furo o conceito enferrujado sobre os gêneros.
Furo o desejo machista de ser menor que um homem.
Furo a hipocrisia de ditar que oficio devo ter.

Sou aquele que dá flores.
Aquele que rasga o lucro.
Aquele que sente em carne viva.
Que brota em arco-íris.
Faz da flor da menina a sua prenda.
Vê na mulher nem mais nem menos; deixa o rio correr.
Que corteja o sabor e responde ao teu fogo de mulher-menina.
Também de ti mulher, aquele que chora junto e enche de amor.


São de labaredas e pétalas que flutuam a minha aura, a minha magia.


Não brinque com fogo.
Não brinque com alguém a flor da pele.

Em mim brota a primavera a cada dia.
Que os anjos saibam proteger os sinceros de coração.

Cansado de labirintos alheios.
Cansado da covardia emocional alheia.
Cansado da hipocrisia que insiste em renascer a cada geração.

Hipocrisia, eu quero que se vá!

Leandro Borges

13 de ago. de 2011

A caminho do Uno

Onde o horizonte longe voa leve.
As suaves brisas da nova aurora.
Corre em um grande campo de flores.
Ao abrir das almas iluminam como sóis.
Andando entre cores, fortalecem e crescem.
Simples chuva fina.
Limpa.
Ilumina.
As palavras dos lábios positivam o universo.
Nutre o amor incondicional.
No meditar do coração transmitem ao todo.
Somos no "Eu Sou" um só.
Uno.
Ao evoluir do universo compartilhamos:
Em
---Amor
---------Paz
------------Luz
----------------!

05/06/11 - Leandro Borges

Piscina de Dor

E se o mundo me fosse obrigado a carregar?
Um peso de um mundo que os desumanos nos empurram goela a baixo.
Onde a dor se instala, onde o sorriso é apagado.
Vivemos em uma ditadura de burrocracias masoquistas.

Sofremos dores desnecessárias, como já não bastasse as dores naturais do mundo.
Os Psico-torturadores criaram um mega arsenal de dores artificiais.

Deixem os loucos, não serem loucos.

Deixem a vida ser maior, ser de verdade, ser humana.
Homens criaram maquinas de dor.
Processos de dor.
Caminhos de dor.
Labirintos de dor.

Deixem o amor em paz.
Deixem a vida livre.
Deixem a possibilidade de sonhar e os sonhadores vivos.

O mundo não se pode tornar uma caixa de tortura.
Os que não abrem os olhos para a dor alheia, sofrerão ainda muito.

Onde não se pode ser um, eu sou o respingo de tudo.
O mundo tão cinza, tão cimento, tão asfalto, tão concreto e nenhuma humanidade.

Espero que essa piscina de esgoto não me alague em dor, desespero e depressão.

Leandro Borges - 05/03/11

3 de ago. de 2011

São Paulos

É... as vezes me para de tanto correr.
Tem vez que me cansa de tanto morrer.
Me sintoniza em ritmo que não me para.
Outras que me deixa totalmente de cara.

Tem tanto asfalto no meu pensamento.
Deixa tanta laje nesse cimento.
Um bando de gente, um tanto de crente.
Explode.
Carros.
Correria.
Metro de conexões circulares.
Andei em fractais urbanos.
O sorriso mesclado de tuas meninas.
São circenses de tuas crias coloridas.
Fala de todas as artes que podes compor.
Transita de todos os gostos que for.
Rua.
Avenidas.
Alamedas.
Cercado de tanta gente.
E se tudo brilha, a face do futuro me espera.
Quando a brisa me encontrar, nas ruas de São Paulo irei florescer.
Como num canto de um pássaro, vibro bonito e suave.

Sossegado sigo suave.
Sossegado pego essa brisa.

São tantos São Paulos dentro dessa caleira, dessa teia, tela: nação.
As vezes vem um caos bonito, as vezes vem atrito e em outras esquisito.
Quando peguei uma perua, te percebi perto, quase nua.
Eram tantas faces, tanta palavra que pula de tanta rua... tanta rua.

Andando em longas avenidas, é firmeza.
Ando nas feiras.
Bebo um caldo de cana.
Um pastel na feira.
Um sanduíche de pernil.
O sorriso mais bonito, da menina paulistana mais bela.
Era a beleza da suavidade da sua alma que me tocava.
Um amor tão leve e doce, era tudo tão gentil.

Leandro Borges - 29/03/10

1 de ago. de 2011

Mulheres que não sabem dizer não

Essa é para todas as mulheres

dissimuladas
patranheiras
traiçoeiras
potoqueiras
embusteiras
esparoladas
mascaradas
farisaicas
vigaristas
impostoras
hipócritas
mentirosas
burladoras
embaidoras
loroteiras
pomadistas
charlatãs
gargantas
cabotinas
tratantes
charlatãs
farsantes
pérfidas
desleais
covardes
tartufas
levianas
infieis
falsas

Pior que uma mentira, é uma mentira descoberta
Eu já sofri muito das maldades do mundo
Não queira-tentar-conseguir me ludibriar
Eu não nasci ontem, meu coração já foi petrificado de mil formas
por tantos enganos e maldades que já arquitetaram contra mim

Tenham a descencia e dignidade de olhar nos olhos e dizer, não
Saibam cortar a face daquele que, não, ele não quer ser enganado
Prefere mil vezes o corte, o fim, o estirpar das relações do que um enrruste

Quero o teu cuspe
Quero o teu vômito
Quero a tua repulsa

O teu desprezo assumido
A tua palavra cortando a minha alma
Diga: não
Diga: nunca mais eu quero ver a tua cara
Diga: para de ligar
Diga: MORRA!

Leandro Borges - 12/09/09

Espelho

Olha pra dentro de um espelho
Vê somente a sombra de uma mulher.
Em contrapartida lembra dela como se fosse hoje.
Era a mulher mais feliz do mundo.
Quem sabe a mais iluda?
No sorriso dela hoje eu vejo a tristeza escondida.
Como no passado, algo dela que só eu desvendo.
Sua sombra tortura as arestas do espelho.
Eu vejo o coração como um globo de espelhos,
Reflete a realidade, mas em muitos fragmentos,
E vivendo em uma sociedade fragmentada... nada mais natural.
Finge sorrir como se fosse o máximo.
Sufoca um grito que a anos gostaria de dar,
Assim como toda humanidade, mas espera.
Já perdeu as contas de quantas mortes teve que passar
Pra ser a pessoa que é hoje.
É preciso licença pra viver feliz.
Vive a dor, sem fugir.

Difícil tarefa de curtir a dor, como se fosse couro.
Triste, mais triste por saber que essa tristeza ela também passou.
Quem sabe ela fugiu?
Eu hoje calejado, conheço a face da dor e da depressão.
Seguir os conselhos dos meus pais?
Eu seria o mesmo cara fraco que era.
Agradeço toda a dor e todo inferno que passei!
Graças a ela, fui forjado em brasa, minha lâmina hoje corta
um fio que resiste ao abismo e o vale das sombras.
Como São Jorge, sigo bravo na escuridão enfrentando meus dragões.
Como um sol, estou preparado pra matar dragões hoje.
Como Arcanjo Miguel sou um guerreiro da luz.
Imagina, se saísse pela primeira porta de saída de emergência...
Sim, estaria como a maioria dos casais desiludidos sem amor.
Agarrar e algemar a primeira pequena que cruzasse no meu caminho...


Pra que? Por que?


Fazer terapia pra negar tudo aquilo que vivi?
Ser idiotizado por um médico/psicólogo terceiromundista?

Negativo, prefiro arrancar o meu coração,
sofrer as dores do mundo e verdadeiramente sofrer e por fim: viver!
Seguir o caminho padrão da maioria?

Fracos...
Os fortes são aqueles que parecem fracos, mas são aqueles com coragem e consciência para não ficar sedado pelas ilusões do mundo.

Sentir todas as dores do mundo e amadurecer.
Aquele que se diz forte, aquele que:
Ignora, mente pra si mesmo.
Ama outro, sim um amor anestésico, projeção de seus anseios: Animus.
Odeia, covardia de não aceitar seu amor não correspondido.
Tenta apagar, como se houvesse tecla delete no cerebro...
Terapia, como se houvesse remédio pra dor... Ilude-se!
Positiva, esconde os momentos ruins e dores escondidas; como lixo orgânico escondido, apodrece mais a cada dia.

É vai tomando esse sedativo... vai!

Como se houvesse remedinhos pra tudo... sociedade programada pra fugir da dor..
Nadando num mar de saídas de emergências... uma droga não, várias.

Amobarbital...
Fenobarbital...
Narcobarbital...
Prometazina...
Secobarbital...
Zotepina...

Somente aquele que consegue não mais projetar, pratica o desapego, conhece a dor, conhece a solidão, conhece a sua sombra, conhece o poder da simplicidade, tem a consciência das suas emoções... Esse pode então encontrar o caminho para o amor.


As estrelas gotejam sangue.
Calafrio.
As feridas piscam forte.
Sobressalto.
O céu derrete.
Inquietação.
O gelo escurece.
Espanto.
O mar se desfaz.
Temor.
As dunas em ressaca.
Terror.

É, nada mais natural.

Leandro Borges - 20/05/09

3 de jun. de 2011

É tarde

São medos enjaulados.
Vorazes de vozes.
Velozes vagam.
Vãs viúvas velhas da alegria.
Arruinado por dentro, sem alento, com as facas do tempo.

O dolorido movimento de ver o passar da vida cortar.
Esperanças amareladas.
Sonhos achincalhados.
Meu mundo nunca é meu mundo.
Meu mundo é o universo, fusão de todos os mundos de todos que me afetam.
E nunca mais vi meu universo colorido.

Tenho saudades da minha infância quando uma brincadeira em uma única tarde,
parecia infinita-tarde-feliz.

Hoje já é bem tarde.
Só sobra solidão da ausência de um passado.

Leandro Borges

21 de mai. de 2011

Porto segue Alegre

Porto Alegre distante, quase esqueço as saudades, mas dai me lembro.
A tua cara, a tua vida, a tua fala, o jeito de ser.

Sinto falta da tua alegria em mim, do teu sol sem fim, das tuas gurias a me olhar, da tua suavidade de ser que só.


Agora reconheço.


Teu preço não está na grandiosidade, mas está na tua leveza de sorrir, que aqui eu vejo só peso. Onde meu coração era um guri feliz, que sentava feliz na grama contemplando o sol.

Onde a alegria aporta no meu coração, é em que deixo a âncora da minha glória. Onde minha sina é lembrar novamente de ti ao longe, e por onde meu peito não esconde o bater o coração desesperado batendo feliz.



Se Porto, se Alegre, se segue.

Leandro Borges

16 de mai. de 2011

Dentro e fora: um deserto

No submundo da minha vida vejo as coisas flutuando que perdi. Fico submerso de uma nostalgia sombria sem identidade. Passo da idade, passo do limite, sem freio e sem caminho. Vergonha de ter os traços mal desenhados, disforme. Nada me consola, os ponteiros de cada segundo me cortam, a cada movimento, mais profundo. Em seu nublado e poluído céu, alegria é engordar. Tenho pressa de ver luz. De ver o Sol.
Vejo meu mar, de longe passam barcos.
Vejo meu céu, de longe passam estrelas.
Vejo meu chão, de perto tanta lama, tanto frio, tanta sombra.
Vejo meu porto, sem lugar; passam muitos portos por mim.
Bolhas de sonhos estouram, estou sujo de tanto sangue de tantos sonhos mortos. Sinto asco do hipócrita mundo; dessas pessoas que julgam as pessoas pela beleza e a forma de ser.
Onde o céu derrete.
O chão desaba.
As cores grisam.
A água some.
A terra desertifica.
O ar corta seco.
O fogo faz a festa.
A lua some a noite, de dia o sol ruge. Onde os abutres rastejam e os ratos voam. Onde o sangue coagula e a pele arde. Onde os anjos fogem e as bestas renascem. A cachoeira de lamentações não para. O rio de dor corre solto. Sem esperança. A depressão faz seu sarau. Onde se presenteia com espinhos, sem flores.
Onde os amores comem corações.
Sem paraíso.
Sem cor.
Sem luz.

Leandro Borges

14 de mai. de 2011

só seu

Eu não quero mais você
longe de mim

Eu quero te deixar sair
e entrar nos meus braços, mente e coração

Não, não posso mais viver contigo
em outro mundo

Me deixe amor
me deixe amar você

Me deixe livre
dentro do teu coração

Não, não, não, não, não

Eu sou só


Seu

Leandro Borges

16 de abr. de 2011

Renovo


Sigo feliz em corpo amorfo.
Não aceito formas, não aceito rótulos.
Transpasso estilos, modas e lugares e épocas.

Não sou apenas mais um homem-produto.
Aquele que age sem saber o porquê.

Onde muitos dormem, seguem letárgicos.

A cópia, da cópia da cópia, são todos um.
Sem valor, sem identidade, sem pensamento próprio, sem real vida.


Eu sigo, comprando revoltas, comprando ideias, abominando ideologias.
Como um ocidental não banal, sou aquilo que acredito, e respeito meus princípios e subverto.

Leandro Borges

24 de fev. de 2011

O amor por toda vida ou E como é bom


Um dia se perde o medo de viver.
e para de sobreviver e começa a saborear melhor a vida
com todas as papilas gustativas
com uma colher bem grande
sem caraminholas, fantasmas ou medos

A vida segue o curso natural do rio
Os obstáculos do caminho são naturais assim como vencê-los

A vida é feita de pontos-momentos
Saiba comer pequenas porções mastigando bem
Alargue o prazeres, os pontos-momentos da vida

Renasça seus olhos, esvazie seu pote,
mude de cor, de sabor, de saber, de vida
troque a água que o alimenta,
transmute a energia do seu interior
pra ser regado por todo amor que houver nessa vida
e um bom coração pra dar garantia.

5 de jan. de 2011

A liberdade de dois

Uma vontade de abraçar...
Um abraço: pra não deixar estranheza.
Simples e prolongado.
Sublime e atemporal.
Pra ficar nada indigesto...

Me abrace como se fosse a primeira e a última vez.
Me envolve e faz com que toda água agitada se conforte.
Me segura e permanece assim até a tua alma tocar a minha e deixa a tua marca para sempre em mim.
Me mostra todo o teu carinho, não reprimes este sentimento bonito que tens por mim.
Me abraça forte pra mostrar toda a intensidade do teu coração, e diz ao colar dos nossos plexos, que eles seguem separados fisicamente, mas sempre estarão lembrando um do outro ao bater no mesmo tom.
Me abraça sem tempo nem lugar.
Me encanta nos teus braços ao sonhar o meu sonho, me conforta com teu envolver sem fim.
Me abraça até o meu último sopro de vida.
Que a minha alma aura beba da tua.
Que seja da mesma cor e mesmo brilho que a tua tem.
Me abraça sem freios nem bloqueios.

Me abraça sendo abraço.
Ser do encontro o vento.
Ser do vento o movimento.
Ser da vida o instante, ser do sonho o real.

A vida em abraço.
O abraço em vida.

Leandro Borges
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