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4 de mai. de 2007

Um amor pra toda a vida


Não era tarde nem cedo. Seis dias seriam o bastante. Cintilante! Era mais um dia de primavera, e os passarinhos não catavam. Estranho. Amanda seguia o seu caminho rumo a sua casa e pensava coisas de amor. Tinha uma leve canção soando em sua mente. Gostava de perceber os detalhes da grama e como a cada dia lhe parecia diferente a cada novo olhar. Era Setembro e as flores já não estavam tão coloridas. Estranho. Eis que Amanda liga pra uma amiga de infância:

- Olá Dani, como tem passado?
- Estou assas ansiosa pelos dias que passam...
- Mas por quê?
- A vida é muito curta, preciso estar apta para cada novo dia, sabe? Bom preciso desligar agora, te ligo mais tarde..... Adeus tenho que desligar. Meu (mudo)

Pensa sobre a frase dela, sabe do contexto de sua amiga e não sabe se ri ou chora. Sabia que o casamento para Daniela era importante. Não entendia ao certo, mas sofria pela dor da amiga querida. Bem, podia entender os seus males; mas não os vivenciaria. Tinha uma alegria triste e mal assim não iria lhe abater.
Tinha uma visão diferente de mundo, fazia tudo ao seu modo, ultrapassando a ética, moral, sociedade; eram todos: lixo pra ela. Tinha planos e metas e nada seria mais forte que eles. Vivia a mercê de todos os dilemas da vida e os ignorava. Era maior. Soberba na sua concepção. Tinha vários homens e não ligava para os boatos a seu respeito. Era engraçado pra ela falar sobre isso. Tinha poucos valores para serem respeitados, era mais fácil viver assim.
Pensou mudar o mundo com pitadas de pimenta, era algo em sua mente, uma tela com bastante vermelho na verdade. Era o calor e a crueldade do mundo estampado, para que ao admirado, fosse reflexivo e repelido. Mas na verdade gostava dele.
São grandes os dragões que a cercam, mas ela cai em abismos que nem os monstros ousavam em desvendar.
Vai à sala e toma um copo de leite frio. Olha pro calendário, dia 5. Vai à cozinha e perde a linha, faz de seu corpo um objeto e nesse trajeto chega ao orgasmo: sozinha.
Submissa ao avesso, era controversa e lasciva. Não teria alguém pra vida inteira, a menos que fosse o homem pra vida inteira. Seria demais, mas pra ela é utópico e improvável. Falava assim pros outros, pra se justificar e não amar.
A morte era mais afável pra ela. Ela é real e isso basta. A razão era sua arma de consumo, consolo, objeto, ferramenta – ilusão talvez.
Eram espartanos pensamentos entre ventos e consolo desesperado de um fardo, uma opressão ou falta de visão de um mundo azul. Ela era fiel aos seus instintos que de tão famintos devoram dúzias e dúzias em uma semana. Ia pra cama e pensava: “devassa!”. E dormia em desgraça e alegria.
Em outro dia na casa de sua mãe depois de um diálogo doce - pergunta:

- Mas que diabos estás a dizer mamãe? Sou mulher e tenho o que quiser em minhas mãos. Os homens são como cães e sei como manipula-los. São como presas enforcadas pelo sexo. Sei dissimular e nunca serei açoitada pelo mal da submissão.
- Mas minha filha...
- Sem “mas” minha mamãe, eu somente me unirei alguém se for para a vida inteira, e como pra mim isso e quase impossível, sigo meu trajeto inatingível e agora pretendo viajar. Voarei por cima do mar, oceano e em solo americano irei de encontrar meu grande amor.

Passaram se dias, e seus pulsos estavam cansados, de tantas tentativas de dilacerá-los. Era uma vida sofrida, mas seu sexo ardia e ela assim podia ter três segundos de felicidade, talvez quinze minutos de orgasmos múltiplos, mas depois a depressão voraz viria novamente e era impressionante como em sua sala ainda havia uma bíblia forte e verdadeira.
Era uma ironia de sua parte falar sobre o adultério, tinha medo nojo de tal calvário, era por demais ultrajante e um tanto quando desestimulante; talvez daí a sua rebeldia que não outrora tardia, que lhe trazia dores sem fim.
Sonhara com um principie encantado, e acordara de modo engraçado, pensando que se existisse um Deus isso seria uma piada, de certa forma disfarçada em forma de historia de fada, essa vagabunda e profana. A escandaliza com tal premissa-inverdade.
Queria um milhão de bilhetes de “só pra saber como está”, mas não que queria saber, apenas para manter o aparente apreço. Sois folha do passado, repetia pra si. Ele era seu único pseudo-namorado que deixou a cortejar. Era engraçado olhar aquele patético ser.
Nunca pensara que de suas entranhas sairia uma vida, pois pra ela queria ver um pouco menos de dor no mundo, isso justificaria a sua escolha de adoção que o seu coração não teria tanto apego, e que se caso morresse o filho, seria mais uma fatalidade da vida. Essa que lhe tirava o sono muitos e muitos dias. Era sombria e preferia a noite, que ao seu gosto era mais perversa e amorosa. O amor que pensava nas coisas, era algo apenas de pensamento, porque com nenhum detento do planeta terra o tivera.
Dentro de seu quarto Amanda e Daniela conversavam:

- Vamos para Nova Iorque! - Retrucou a sua amiga.
- Pois bem eu quero conhecer todos as alturas daquela terra abençoada, que tanto prospera em um mundo, de resto, pobre. Daniela não iras, eu irei sozinha, sou forte e tenho a minha vontade comigo, mesmo sendo minha amiga, vou te deixar aqui.

Embarcou em um voo singelo, era apenas uma viagem pra esquecer de todos seus manipulados ridículos objetos chamados: homens - eram patéticos. Humilhados por ela. Mas eles não sentiam isso, ela tinha um jeito de manipulá-los que para eles estavam bem, sentiam-se até amados. Suas amigas riam muito quando contava sobre cada causo de manipulação, dissimulação, tantas e tantas mentiras para poder inverter o jogo de marionetes. Agora ela tinha que sair, não conseguia mais dormir e ver aqueles rostos em sua veste.
Vai saindo de casa, pensando coisas de amor. Era uma bela primavera, nada poderia dar errado. Era perfeito, o seu lado negro ficara ofuscado é bem verdade.
Encontraria um lindo moço no aeroporto, era belo e bem trajado. Era um cavaleiro futuro alado para o seu pensamento lírico. Seu nome é Raul. Em tempos difíceis ela então pergunta:

- Tu tens uma caneta, por acaso?
- Mas é claro bela flor.
E ele pensara se tivesse ela na sua cama a chamaria de puta.
- Obrigada. (faz um gesto de entrega)

Olha de cima a baixo, deixa lhe seu numero e sai pensando. “Esse de tipo como um romano, me deixaria destroçada e espancada no canto do quarto: feliz de tanto gozo.”
Ele liga subitamente pra ela n’outro dia, e dizia que iria primeiro a Boston e depois a Los Angeles, se contrariam lá, se ela o quisesse. Então por vários dias saiu pelas ruas de nova Iorque a rodopiar e cantar, nada mais era nebuloso e de tanto gozo sentia o rosto feliz. Era o prazer do porvir.
Via tantas ruas e carros, tantos táxis. Era um mundo feliz, um país prospero e abençoado pelo bondoso Deus. Noutro dia vai para Manhattam, queria ver o néon não acesso a luz do dia. O povaréu a deixar de atontoante um alento e o vento forte que descia sobre os arranha-céus deixavam os pensamentos no ar suspensos.
Vê de fora aquela torre e fica admirada como uma nação tão poderosa faz coisas tão graciosas, era mesmo um povo de valor.
Entra no saguão, estavam muitos a trabalho, mas iria visitar as lojas que tanto lhe encantaram, pega o elevador. Vê uma criança com face de dor e sente um instante de temor que nem sabe ao certo de onde vem. Se deixa levar, a ao regressar o olhar deixou passar o andar subitamente. Era ausente a falta de ar. Respirava tranquila. Gostou da ideia e começou a subir andares como brincadeira de criança. Estava escondida, como bandida a brincar de espiã. Ficou olhando as pessoas a trabalhar desesperadas, estava em começo de rotina de trabalho era engraçado ver tantos estrangeiros. Era o octogésimo segundo andar, era engraçado ela nasceu nesse ano. Sentiu uma saudade profunda de Raul, seu voar era nesse dia ir pra LA, era seu anjo amado. Pensará que sonho; os anjos abençoando a sua união - seria lindo. Tudo se encaixava era tão lindo. Lindo amor. Estranho. Olha pra janela tem a sensação que Raul está por perto, como poderia - pensou. Olha para o relógio, 2001. Hora de acordar. Seria sua a minha alegria, pensara ela:

Um pássaro alado.
Trás a morte e o amor.
Era linda de tanta cor, que deixou tudo cinza.
Também tinha vermelho, era sangue.
Viu a luz dos olhos do amado: era raro.
Era um cavaleiro alado.
Tinha seu sonho realizado.
Uniria dois corações dilacerados.
Era um quadro pintado de vermelho.
Era tão lindo que quase desmaiava.
Era graça, era luz e sintonia.
Era uma alegria.
Alegria.
Sentia que a vida era bela.
Que poderia tudo encontrar e tudo alcançar.
Seu amor para vida inteira chegou.
E foi.
És mulher, atriz.
Um astro celeste.
Uma veste.
Teu véu.
Em plena igreja.
Fiel.
É mulher não-profana.
Que na cama
Se mostra pura e soberana.
No peito lindo sente.
O sonho mais lindo.
E fica com o homem – alma gêmea - pra sempre.

Leandro Borges

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