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3 de out. de 2007

Brinquedos quebrados


Não sei se por contra ponto
mas quando sai da lama dei um salto.
Saltei tão alto que andava nas nuvens.
Eu simplesmente via o que não existia.
Vi uma doçura aonde não tinha.
Vi alegria aonde não havia.
Vi leveza aonde tinha aspereza.

Preferi pintar um quadro ao invés
de por os pés na terra.
Por mais um vez cair na lama,
dessa vez com menos dor.
Mas apavorado não por ninguém.
Mas por mim, meu próprio inimigo.
Com olhos de fantasia vi a vida.
Não existia, talvez por isso tantos poemas.

Aprendi a reconhecer os meus erros na primeira vez
ser mais leve, ter sensibilidade, tato, mais responsável.
Aprendi que muitas vezes eu sou meu maior inimigo
e estou ainda tentando a aprender a não me sabotar.
A olhar a vida com os pés no chão, com o coração calado.

Me pergunto qual será o próximo desafio.
Eu vi a depressão de face nua.
Era uma mulher mui bela, oca e com solo devorador.
Vi a depressão em outrem e tentei salvá-la do abismo
mas não há como mudar as outras pessoas se elas não deixam.

Vivo em crises de trabalho e de amares. (ou pior não amares)
Esses que não fecham, desencontros desmarcados.
Sentimento de querer viajar.
Devo estar querendo fugir dos meus problemas?
Do meu mundo?
Dos meus medos?

Outro dia li que: "O amor vence o medo."
Cheguei a simples conclusão que
se ando com tanto medo de tantas coisas diversas...
Deve estar faltando muito amor na minha vida.

Simplesmente a vida é assim.
Não culpo a ninguém nem a mim.
Tento não confundir sexo com amor.
Tento não magoar ninguém.
Tento não banalizar a vida.
Tento dar um jeito no meu jardim.
Agora a borboleta que eu vejo lá fora
simplesmente não pousa nas flores que tenho.

É como uma criança que não tem o brinquedo que quer.
Anda a brincar com os brinquedos que aparecem.
E com sua simples brincadeira, acaba por quebrar.
Com culpas e também sem felicidade.
Gostaria de não precisar destes brinquedos
(que não são meus)
mas a necessidade por diversão fala mais alto.

E outra, é estranho, parece que renasci.
Ou melhor, que nasci outra vez dentro de mim.
Ou que outra pessoa emergiu dentro de mim.
Como ao acionar um botão, algo foi o estopim.

Todo o legado de um ser que recebe de seus outros corpos
a sua vivência já adquirida em passado antes destes.
Não necessariamente outra vida.
Não me vejo trabalhando 40 anos com a bunda sentada
na frente de uma tela ridícula.

Hoje sei que a vida é mais do que isso
e espero que meu futuro não seja negro assim.

Leandro Borges

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