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21 de mai. de 2009

Igreja


Procurei por um pedaço de mim em lugares distantes, que tempos atrás foram minha morada.
Procurei por um pedaço de mim em páginas de jornais, em classificados.
Procurei e desbravei reinos pra encontrar algo a mais de mim.
Busquei uma frase, trechos de diálogos, conversas inacabadas, tubos de ensaio, em moléculas, células e partes de código genético.

Disse pro espelho:

- Que verdade procuras?

Foi então que um raio me antigiu a razão.

Mas a minha alma voava livre, e não soube responder aos incrédulos.
Eu sabia em que lugares podia pousar e que lugares eram hostis.

A minha batalha era saber olhar a alma.
Olhando a alma tinha a chave do coração de cada um.
Foi quando percebi que tinha perdido a chave do meu.

Nesse instante procurei por todos os cantos, era uma chave pequena, minúscula.
Adornada por diamantes e carvão.

Seria uma saída pular fora desse labirinto, mas então seria fadado pela cegueira eterna de todos os tempos.

Quando me deste aquela flor, a minha única resposta que encontrei no momento foi:

- Eu odeio esses sentimentalismos bacacas.

Eu falei de uma forma tão ácida, doce e engraçada que muitos riram, alguns soluçaram, e uns poucos choraram.

Se me diz uma verdade, ela seria melhor que mil flores.
Sabe por que?

Por que as verdades não murcham.

A crueldade que tenho de deixar teu caminho longe do meu e a mesma que tens de empurrar uma vida pra mim que não cabe mais no meu mundo.

Os olhares que percebíamos na rua, não sei se te lembras... eram de reprovação.

Como pode uma freira estar casada com um carpinteiro?

Os olhos de todos os vizinhos escorriam lodo e ciúmes.

Feito em pó.
O nosso show chegou ao fim.
Foi bom enquanto nos torturou.
Agora deixamos o palco para outros encenarem as suas ceninhas tão idiotas quanto as nossas.
Eu queria saber orar, porque então e conseguiria conversar com alguém de verdade e leal.
A camada fina que separa a luz da escuridão.
E feito em chão de pedra.
Se lama saí das nossas mentes, é porque pensamos pensamentos baixos.

Se experimentou falar da falta de felicidade que vive os Brasileiros?
Como é triste o Carnaval?

Somente um gringo mesmo ou alguém ingênuo em concluir que somos um povo feliz.

Já parou pra olhar nas esquinas pessoas pedindo uma saída para morte, uma ajudinha?

A centralização de grana... as mazelas típicas financeiras... Brasil de poucos brasileiros, um Brasil onde cabe 300 picaretas e um amontoado de mendigos.

É eu sei, falo pela voz de quem come.

Tudo bem, só queria deixar claro que eu não gosto dessa situação, faço a minha parte para a transformação.

Ontem vi uma bela ave na sacada de uma laranja.
Era fria.
Azul.
São pontos de fuligem perto do mar.
Ovos pintados de sofrimento.
Árvores ornamentada de desespero.
Acreditam em um amontoado de carne possam salvar as suas vidas?
Não dão valor para o sentimento que representa e sim pelo pessoa o que detêm.

Se é o caminho, não há como ceder a minha mão para ele me buscar.
Ela abriu a porta, mas eu que tenho que amar.
Ok, ele amou a humanidade e deu seu corpo para nos salvar, por amor.
Agora, se eu apenas creio que ele fez isso e eu também não o faço.
Na verdade não há como ele fazer.
É ao mesmo tempo a representação, o exemplo, o caminho, mas que cada caminho é direfente pra cada, mas todos apontam pro mesmo morro.

É eu sei, falei demais de religião.
Mas esse vazio que sente é por falta de algo mais profundo.
Se viver na superficie, nunca encontrará a profundidade que procuras.

São gotas de orvalho flutuando nas mentes, abertas ao amor.
Colorindo um barco de sonhos.
Um saber e sentir que vem da vontade de viver.

O dia passa largo.
As noites são frias e sabias.
O teu toque me mostra aquilo que tinha esquecido.
Me fez lembrar de como é.
Eu quando olho pro horizonte sei.
Mas nenhum segundo pode ser substituído por outro.

Leandro Borges

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