1 de mar. de 2016
Brasil em queda livre
Quanto mais eu luto, mais luto enfrento.
Estamos de preto, em pé, bradando por um país morto.
A luta continua, e a morte também.
Quanto mais eu luto, mais luto enfrento.
Em marcha fúnebre protestamos, uma causa perdida de um morto perdido.
Esquecer os mortos ou lutar mesmo após a sua morte?
Quanto mais eu luto a luta vã, mais o luto escorre como lama tóxica.
Os bares estão fechados, os sorrisos estão fechados, as esperanças estão fechadas, as portas estão fechadas, o túnel está fechado.
Quanto maior a luta, maior o luto.
Causa perdida, Bala perdida, Vida perdida.
Sem hospitais, sem escola, sem transporte, sem terra, sem teto.
Terra Brasilis veste luto, retrocesso, descaso, hipocrisia.
Quanto maior é o luto, maior é o funeral.
Caindo ladeira a baixo, cai e cai mal.
Salários caem, empregos caem, moeda cai, vidas caem.
Despenca a dignidade do cidadão brasileiro, em luto.
Quanto mais se protesto planta, mais morte se colhe.
Marcha fúnebre de caboclos tortos.
Não há carnaval, não há olimpíada e não há hospital.
De doente à defunto, mais um luto somado a milhões na República do Êlaiá!
Quanto mais eu luto, mais o país caí.
Queda livre, forte, ruma a além do fundo do poço.
Não há poço, apenas um buraco negro.
Buraco em luto, país em luto, mas eu continuo a lutar.
Poesia que não cansa de bradar, gogó que não canso de gritar.
Já não parece real, aparece real, queda real.
Nós vestimos luto, o Estado veste ouro roubado.
Cada real roubado, vira joia roubada, pela corja que diz que nos representa.
Quanto mais eu luto, mais luto enfrento: em queda livre.
Leandro Bastos Borges
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Poesya, não burguesia! by Leandro Bastos Carneiro Borges is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.
Based on a work at poesyas.blogspot.com.
Permissions beyond the scope of this license may be available at http://poesyas.blogspot.com/.
Nenhum comentário:
Postar um comentário