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5 de jul. de 2010

Dor desfigurada digital


Não vejo o outro vejo.
Se o deserto impacta em cheio
sinto o receio do veneno.
Toda dor condensada numa gota de saliva
lodaçal
pesada
intragável.
Sem porção de amigos
agora corroído com vocês.
Sons, trombetas tortas de anjos caídos.
Se o vento soprar e deixar
rolar o copo de plástico sem cerveja
nesse fim de quase não bar.
Minha vida perto de uma mesa
servido de nada vezes nada.
Tiro da ponta da caneta o triste traço dessas letras
que da caneta transpassada para o computador perde
a emoção dos meus rabiscos, das lágrimas misturadas a tinta,
dos borrões que traduzem muito mais a minha dor
do que estas simples palavras vãs...
Nesse mar de letras retificadas no computador,
fica tudo tão limpo, uma mentira do que sou...
perde o seu real valor...

Leandro Borges

Um comentário:

Karen Raquel disse...

Lindo...real!!! Nós, poetas, sofremos desse mal...

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