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28 de jul. de 2010

São Pauleou


São Paulo me cansa, me desgasta, me atordoa, me letarga, me adormece, me olheira, me tira o tempo, me tira o sorriso, me deixa liso, triste, enfadonho.

São Paulo me dá quilômetros para percorrer e me canso, mas não pra dizer.


Tira o meu estado SOLAR.


São Paulo são-pauleia-me:

Nubla-me;
Entrenubla-me;
Nuvea-me;
Anuvia-me;
Brea-me;
Turva-me;
Escureça-me;
Acinzenta-me;
Esqualida-me;
Descora-me;
Empalida-me;
Soterra-me;
Desajusta-me;
Desfoca-me;
Desestrutura-me;
Deprima-me;
Oprima-me;
Engula-me;
Maltrata-me;
Açoita-me;
Fira-me;
Humilha-me;
Exclua-me;
Bana-me;
Deleta-me;
Desapareça-me.

Ajuda a mostrar o meu lado mais avesso.
Vejo o Brasil aqui, e é um Brasil feio.
Ando por ruas quebradas, por sorrisos amarelos.
Pessoas cansadas, soterradas de trabalho.
Pessoas caladas, soterradas de tristeza.
Pessoas frias, soterradas de depressão.
Paro na esquina e vejo intolerância, ignorância e desesperança.

São Paulo é como toda cidade Brasileira, porém elevada ao quadrado.
Aos retângulos do teu corte aéreo, das linhas da tua silhueta.
Linhas retas e pessoas tortas.

Alguma coisa acontece no meu pulmão.
Que só quando cruza a Augusta e Av. Paulista.

Não te vejo imensa, te vejo pequena.
Concretista, concretíssima... poesia dura e feia.

Soberba do dinheiro... não me seduz.

Um braço forte... e um coração petrificado.


Em certos dias, vejo a tua garoa como pequenas lágrimas de São Paulo.

Leandro Borges

Um comentário:

Daniele Simões disse...

Maravilhoso e ao mesmo tempo triste, porém real.

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