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24 de mar. de 2009

Abismo de Neve


Cercado por vinte mil garrafas
penso em logo voltar para o fundo
desse copo raso e gelado.

Entre as cadeiras deixo uma fresta de mim,
do meu vazio, de um veneno viscoso e frio.

Entre as tuas pernas cruzam
o meu olhar e a tua gentileza.
Teus olhos queimam nas paredes
da minha boca, e o teu sabor
ainda está em mim, nos meus lençóis,
na minha roupa, no meu cachecol.

A tua boca suave faz sangrar
os meus lábios, o pensamento; a memória.
Sugas a fumaça e deixa alguns minutos queimados,
adquire muitas e muitas bactérias ao beijar-me.

Teu gosto me recorda o tempo que a grama
era verde, agora é branca e são muitas gramas.

Segues um rastro de neve feito em filete,
usas um espelho, mas nele apenas consegues olhar
o fundo dos teus pesadelos, a tua narina: nua.

Teu desejo repulsa meu beijo.
Te olho com outros olhos.
Me cheiras com outro nariz.

Mete o teu onde quiseres
- Eu cuido do meu muito bem, meu bem!
Agora não me pede pra apoiar o teu
que o abismo sem fim da perdição é logo ali.

Leandro Borges

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