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31 de ago. de 2008

Auto-eclodir


A verdade é que agora já sou outro.
Outro que outro não conhece.
Agora sei quanto vale cada minuto.
O embate da vida estabelecido.
O valor de cada pingo em cada i.
O outro eclodido de outro.
Suspendido por cada centavo.
O equilíbrio mental por um fio.
A sanidade por um fio.
A vida contra a morte.
Faz frio, ainda chove.
Venta muito, continua o ciclone.
Eu tenho fome, falta pão.
Me falta chão, teto.
Anda deserto os dias.
Ando no deserto por dias.
Me treme os ossos, me dóem.
Tudo me parece tão estranho, falso e postiço;
Me canço de doer o peito.
Fico deitado tentando esquecer.
Uma vida toda pela frente
e também uma inteira pra esquecer.
Revejo o que vivi, o que vivo.
Família, minha vida em base.
Hoje sei quanto vale cada respiração.
Cada centavo, cada batida do coração.
Não há dinheiro que pague...
O sustento do vento da vida.
O sopro de alma atribula o corpo.
O tempo morto não quisto.
Não desisto de viver.
A flor da dor brota no peito em sangue.
Vermelho sangue.
Negra flor.
Derrete nas lágrimas
toda a alegria que eu tinha contigo.
Planto rosas brancas na meu jardim.
Deixo a brisa soprar levemente.
Aprendo o valor do trabalho.
Aprendo o valor da vida.
Aprendo o valor do amor.

Leandro Borges

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