Açoite de concreto armado, asfalto sepultando tantas mães.
Onde mulheres sorriem amarelo, sorriso sufocado.
Onde flores crescem rasgadas, onde a primavera é manchada de vermelho.
Silêncio não feliz, oprimida pelo invisível alheio.
Fora dos lares seguimos cegos.
Onde nossa colher fica tão alheia, que a janta ao lado é de assassinato.
Casais vizinhos, parecem tão juntinhos.
Tanto amor que esgana a verdade.
Soterrados somos todos os dias por um buquê de flores mortas por dia.
Onde a cada duas horas cai mais uma flor morta.
Chove flores, mas são flores mortas, a conta gotas, uma a uma.
De todo tipo de cidade e sertão, flores encabrestadas, propriedade privada.
Onde o patrão tem o direito de viver e matar o seu amor.
Seja onde for, um amor romântico da opressão.
Entre um poema e outro, pode andar na navalha.
O frio da sombra,
é a face a sua própria sombra,
onde os olhos veem mil cores pra maquiar a depressão.
Estão dos roxos e de pele fria.
Quantas abismos esse via torta e sistêmica ainda vai parir?
Leandro Borges
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