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23 de mai. de 2022

Minha Guria da Cachoeira

Ainda sinto teu gosto na boca.

Ainda sinto o bater do teu coração.

Eu tenho que abandonar a barca, pois com a tempestade de pó eu não posso.

Contra todos esses abutres em volta de ti, eu não posso mais.

Contra todo esse ruído interno teu, eu não posso mais.

Contra toda esses lagartinhas brancas que insistem entrar em ti, eu não posso mais.

Contra toda essa mistura de remédios psiquiátricos e álcool, não posso mais.

Contra toda essa onda vampira que insiste em estar nesse universo, não posso mais.

Contra esse alcoolismo travestido de "boemia inocente", não posso mais.

Eu realmente tenho que abandonar a barca, pois há uma outra galera me esperando.

Busco um Porto Seguro, um Porto Alegre, uma Doca onde eu possa abarcar meu velho barco,
sem maiores ondas, sem mentiras, me manipulações, sem chantagens emocionais, sem tempestades, tufões de pó, tsunamis de álcool etílico, guerras e guerrilhas, longe da selvageria de todo ruído de todo ódio e todo ruído de toda raiva. Fujo meu Barco de toda opressão reprimida, toda opressão projetada outrora também sofrida, gerando correntes de opressão ao próximo. Uma estrutural cultura de objetificação e manipulação e abusivas relações.

 Não há como seres a minha Guria, pois quem é de todos, quem é do pó e pinga, não tem livre arbítrio, está destinada a toda a dor e todo o sofrimento sem fim, até que o fim do pó ou do ser seja o fim.

É claro que te amo, mas há muralhas brancas dividindo o nosso elo de casal.

Muralhas brancas, tão gigantes, soterraram toda a possibilidade de união.

Muralhas brancas que te fazem refém dos problemas que por ela soterra e que por ela retroalimenta teu clico de ruído.

Busco um amor de paz, busco um amor em harmonia, busco um amor sem vícios.

Não desonre toda a ajuda que eu te dei, não desonre a vida da tua filha que eu salvei.

Eu necessito urgentemente abandonar essa barca, tu foi rumar perto do pó, e assim se perdeu de mim.

Entre eu e o raio, eu; ficou com o pó.

Enquanto continuares Raivosa, eu continuarei distante.

Enquanto continuares alcoólica, eu continuarei distante.

Enquanto insistir em se autossabotar, eu continuarei distante.

Enquanto não fizeres terapia e abandonar essa vida tóxica física e mental e psicologica: 

eu continuarei distante. 


Leandro B. C. Borges



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