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4 de set. de 2007

Areia


é como um barco em meio a areia
eu remo no meio do deserto
sonho com um oceano grandioso
só vejo uma imensidão branca

espero por um vento que me transporte
tire a areia dos meus sonhos
que deixe-me voar entre as ondas

é como sonhar um não alcançar
é como deglutir pitangas e almejar salmão
é um choro seco, um choro deserto
é uma mente fervendo no zero absoluto

se o palco fica acima dos meus pés
eu faço força pra subir
mas caio e fico só no avesso das coxias
tento manter falas o os ponteiros
velhos ponteiros do relógio velho
matam a minha criação, trazem o branco

olhos que sugam minha energia
empurram na parede
atiram as pedras
perguntas de insensibilidade
ignoram a minha situação

bate
fura

coadjuvante do coadjuvante
sem mecenas
não há saída
eu juro que tentei
se só me sobram sobras de dias
com as sobras hei de ficar

posso roer objetos cênicos
lamber o teu sapato no palco
posso só olhar
meu tempo é sem tempo

sem tempo para o teatro
há muitas portas abertas
mas há correntes nos meus pés
o tempo gasto para sustentar o tempo
para prover o sobreviver ao invés do viver

o não conciliar de profissões
urrando, abomino a minha condição

caminho entre minhas revoltas
corto meus pés nos mesmos lugares

conversei outro dia com a solidão
me contou dos desencontros e desencantos

atiro-me em um abismo oceânico de sangue
escuridão

projétil
veloz
fura
escuro
fura
mente

sangra meu sonho
explode o crânio
faz o clarão nuclear
fura o teto do mundo
eis que morre: o escuro!
escorre pelas minhas paredes
a luz radiotiva do céu

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