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29 de set. de 2009

um mundo mais vazio

é um circo de horrores
é um ciclo masoquista
cansei de errar no amor

se te trato na palma da mão
me trata na sola do pé

se te trato na sola do pé
é porque não quero nada de ti

sonho com outro dia a sorte não mais me errar
que o amar encontre o amor

dizem que os ventos trazem, quando menos se espera...

preciso aprender voar
concentrar a ação no agora
ser livre
ser leve
sem me importar com lá fora

se dos teus olhos caem lágrimas
dos meu também já caíram

se do teu colo não tenho abrigo
abrigo agora é tudo aquilo que outrora era campo minado

somos dois maiores abandonados ao azar do amor
se eu olho uma flor

hoje não penso em lirismo...
penso na morte que logo a murchará

pode ver o valor das pétalas?
o que são palavras jogadas?
não sabe quem eu sou... e me deste espaço pra isso?
se te falo não é porque estou cheio disto?

não sentes?
não sentes?
não sentes quando me lês?
não sentes quando me lês na minha íris?
não sentes quando me lês na euforia das entrelinhas?
não sentes meu calor?
meu transpirar?
minha respiração?
o bater do meu coração?
não sentes a minha verdade?

eu continuo a olhar o espelho
e dele nada vem

olho a tua boca
poderia falar de tudo que posso ver

prefiro senti-la
mas que bobagem... nem isso o fiz

senti-me oco
com a tua ausência
sinto a presença da dor

não sei quem sou, nem nunca saberei
busco aquilo que sou
e se te olho, são olhos que pousam
olhos que buscam
olhos que deixam e permanecem

continuo a martelar
fico preso nas memórias
um labirinto de idéias
e só idéias
o mundo real, a realidade é dura e triste

diz pra mim
quem é que queres
uma ilusão
ou eu revelado?

quero, mais me venha sem saberes
vamos sentir
não é isso?

Leandro Borges

21 de set. de 2009

entre-AGULHA-linhas

cuidado moça, teu salto-alto pode prender a agulha nas entrelinhas

olha por onde anda
olha por onde fala
olha por onde escreve

meu olhar apurado reconhece um tropeço
vi que quase nada
no teu

andar
falar
escrever

houve uma pequeníssima oscilação
e foi ali que percebi o teu salto te trair
pela altura que chegaste
por tudo que falaste
deixaste muitas agruras no caminho
e nas entrelinhas criaste micro-abismos irremediáveis
como uma bela heroína trágica
desabaste do teu próprio veneno sem perceber

Leandro Borges

13 de set. de 2009

Transbordo, inflado, gordo


Poluição entrou nos meus olhos, me cegou a poesia.
Cidade seca de vida.
Tudo permanece dormindo na cidade.

Contaminado, na minha alma não nasce mais flores.

Olho para os lados e vejo ruas transbordando, calças transbordando, filas transbordando, pratos transbordando, lixos transbordando, carros transbordando, stress transbordando, caos transbordando, ignorância transbordando.

E eu tentando não me molhar disso tudo!

Leandro Borges
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