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31 de ago. de 2008

Ciclone invasor


Rajadas de ar tremem as janelas.
Bate na porta, assobia as frestas.
Assopra em ondas, vibram as paredes.
Ruídos dos vidros, invadem a casa.
Estala a madeira, atribulam as cortinas.
Vento frio vem em furiosos tufões.
Correnteza selvagem devastadora.
Corre forte, estrondo na porta em socos.
Ventania desleal, nos desafia.
Quando tudo estava em paz,
traz o novo, a memória,
o medo e o enfrentamento.
Ciclone indomado, fera fulgorosa.
Explode para todos com extremo furor.
Bate.
Treme.
Vibra.
Sopra, continua a soprar.
Não para.
Ruídos, assobio das frestas.
Aumenta o frio.
Aumenta o desespero.
Arrasta a noite tempestuosa.
Tormenta; venta, como venta.
Bate.
Treme.
Vibra.
Vento intruso,
Vento gatuno.
Vento salteador.
Rouba a minha paz.
Faz da calmaria, tempestade.
Desperta todos os medos
mais secretos, dos descobre
cada canto empoeirado.
Ar invasor, sem regras e sem perdão.
Impetuoso oscilar.
Lança a prova a estabilidade.
Momento de confronto com o interior.
Desvenda a fragilidade e dor.
Entorta as árvores.
Gritam as paredes.
Troveja a sala.
Gritam as janelas.
Balança o luar.
Impede o sonho.
Bate nas paredes.
Assusta.
Bate nas janelas.
Apavora.
Um barulho sufocante.
Cala a segurança.
Bombardeia o pensamento.
Assopro gigante voraz.
Ventania, cão selvagem.
Inunda as frestas da minha alma.

Leandro Borges

Auto-eclodir


A verdade é que agora já sou outro.
Outro que outro não conhece.
Agora sei quanto vale cada minuto.
O embate da vida estabelecido.
O valor de cada pingo em cada i.
O outro eclodido de outro.
Suspendido por cada centavo.
O equilíbrio mental por um fio.
A sanidade por um fio.
A vida contra a morte.
Faz frio, ainda chove.
Venta muito, continua o ciclone.
Eu tenho fome, falta pão.
Me falta chão, teto.
Anda deserto os dias.
Ando no deserto por dias.
Me treme os ossos, me dóem.
Tudo me parece tão estranho, falso e postiço;
Me canço de doer o peito.
Fico deitado tentando esquecer.
Uma vida toda pela frente
e também uma inteira pra esquecer.
Revejo o que vivi, o que vivo.
Família, minha vida em base.
Hoje sei quanto vale cada respiração.
Cada centavo, cada batida do coração.
Não há dinheiro que pague...
O sustento do vento da vida.
O sopro de alma atribula o corpo.
O tempo morto não quisto.
Não desisto de viver.
A flor da dor brota no peito em sangue.
Vermelho sangue.
Negra flor.
Derrete nas lágrimas
toda a alegria que eu tinha contigo.
Planto rosas brancas na meu jardim.
Deixo a brisa soprar levemente.
Aprendo o valor do trabalho.
Aprendo o valor da vida.
Aprendo o valor do amor.

Leandro Borges

Redespertar


Desperto ainda acordado.
Acorda mais uma camada da minha alma.
Abre um horizonte distante.
Percebo mais claro e nítido.
Acordo para mim.
Percebo o caminho sob os pés.
O amor a tudo vence e a tudo vencerá!
Não há vitória sem a união.
Todos podem vencer, tudo podemos.
O amor nas casa, nas ruas e quarteirões.
Juntos no amor vencemos.

Leandro Borges

30 de ago. de 2008

Vento maluco do mágico de oz


Como o vento pode tudo mudar?

O vento trouxe novos ares, traz de volta as cores do mundo.
Houve o tempo em que as flores falavam
e o mundo não se resumia a apenas milhões de cores.
A natureza não era muda para os homens
e o sonho existia sem precisar adormecer.
Ou melhor, não era preciso despertar.
Vive o pleno viver, deixa o sabor do vento lhe tomar o pensamento.

O que mudou? o que te inspira a mudar? de que para quê?

O mundo mudou apartir do vento, o mesmo vento que surgiu no arfar da tua respiração.
Felizmente veio para que um novo tempo surja.
Seria um quadro alucinante se fosse somente no mundo interior, mas também está neste.
E é deste mesmo arfar que vem a minha inspiração.
É um fluxo contínuo de energia, entre as pétalas do meu e do teu estômago.
Corrente que nasceu em uma noite de flores, é verdade.
Entre as cidades da mesma cidade e dos nossos desdobramentos de eus, estão todas as flores: astrais, chakrais e reais.

Leandro Borges

16 de ago. de 2008

Pai, querido e peleador


Enfrentando o entrevero da jornada
Na lida da vida, tu és um peleador.
Declama versos gaudérios do escritor.
Acompanhado pelo canto florido da cordeona
Que o valente gaiteiro a música xucra doma.
Fazendo a tradição resgatar o seu valor.

A trotezito no mais, pela estrada da vida.
Tua gana de turuna, bravo; mui zeloso.
Guarda no pala, teus filhos, pai cuidadoso.
Aguenta o repucho xucro da adversidade.
Preserva a família, a virtude e amizade.
Feito como em laço, de índio valoroso.

O sol na alvorada do pampa, o céu colore
Em mil tintas, o glorioso pala celeste alumia.
Carrega nas tuas entranhas, a tua alegria.
Protege cada filho do vento frio pampeiro
E rega de amor todo coração do campeiro.
Assim como tu pai, de luz; nos irradia.

Espírito tropeiro de trabalhador aguerrido.
Deixa, teu legado, teu exemplo e valor
Que guardo na guaiaca do peito com amor.
Lembro das rédeas queridas do teu educar.
Forjando a índole em brasa a queimar.
Nos abraça feito em laço de pai protetor.

Nos acolhe no teu galpão de espírito fraternal.
Assador de um churrasco feito em maestria
Assim como canta os causos de valentia.
Estoura, como faísca selvagem em planchaço.
Fura a tristeza medonha, feito forte balaço.
Fazendo graça, de felicidade nos contagia.

Ao reluzir das esporas, levanta o pingo no freio.
Sobre o lombo do cavalo pampeiro, segue lutador.
De faixa, chapéu e pala - brilha em fulgor.
De lenço branco e alma guerreira
Traz na tua pilcha a guasca boleadeira
De um pai, querido, generoso e vencedor.

Leandro Borges

13 de ago. de 2008

Água viva


O olhar aquoso, deixando um rastro.
A casa da minha infância, colorida.
Os dedos e memórias, histórias.
Ao voar somente subia em alegria.
Ao estancar a energia, caía.

Um rastro de gostas de olhar.
Pela lente do interior,
te vejo em outra cor.
Meu mundo desbravado.
Minha vida aberta.
A ferida descoberta,
as portas abertas,
a cura vem pela fé.

Leandro Borges

Em carne e osso


Se não há amizade, não há amor. Se há tristeza, não há amor, só dor.
Paixão é só uma projeção de uma perfeição que não existe.
Errar e amar são humanos.
Quem ama a perfeição, ama em vão.
Com os pingos nos is, e com o coração em carne e osso.

Leandro Borges


Um
fio
de
vida
preso
pela
fé.

Leandro Borges

Palma sem palma


Eu sempre segurei a tua mão.
Pensei que segurar ela era seguro.
Até que um dia tu soltaste.
Mas eu nunca pensei em soltar.
Ao entrelaçar os meus dedos
nos teus dedos, tudo era paz.
Nada podia ser mais tranquilizador,
nada podia ser mais feliz.
O desespero do teu segurar,
a tua insegurança projetada.
Lembro tu no banco da frente
segurando a minha mão atrás.
Nunca pensei em viver sem segurar
a tua mão, mas tu o fizeste.
Senti meus dedos vazios,
a palma da minha mão
sem beijar a tua palma.
Nesse momento vibrava
a insegurança em mim.
Até que ontem eu soltei a tua mão.
E foi bom, foi digno e verdadeiro.

Leandro Borges

Não existe poesia


É poesia não é pra todos, apenas os despertos de coração.
É como servir água a um morto.
É como dar roupas a uma sombra.
É como pintar para um mundo cego.
É como tecer em sinfonia para surdos.
É como tentar fazer voar uma pedra.
Não há o que fazer, para uns a vida é apenas isso.

Leandro Borges
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