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27 de nov. de 2007

Saudade esquisita


Hoje me bateu uma saudade esquisita
daquela guria-mulher, maldita-bendita,
de volúpia virtuosa e de tamanho infinita.

Talvez nunca mais :
me arranhe como ela me arranhou,
me morda como ela me mordeu,
e me peça como ela pediu,
me tire sangue como ela me tirou,
me lamba como ela me fez,
e como ela pediu pra fazer.

Ó tristeza bonita que só ela guarda.
Uma melancolia passiva, quase congelada.
O coração e boca: agarrada.

Leandro Borges

24 de nov. de 2007

Fogo


Passa um doloroso furacão e agora o que sobra são as sobras de uma vida fria e um estômago totalmente embrulhado, esmagado e dolorido. É vermelho. Sinto uma tristeza absurda de profunda e constante, uma tristeza de meter medo e desespero.

Tenho vontade de chorar mas por fraqueza seguro no fundo do peito todo o sentimento agora contido. Há um choque dentro de mim, algo que faz doer, traumatizar todas as células, cada centímetro de mim, e assim a cada segundo me deixa mais frágil ainda.

Não sei em quem eu posso crer. Tudo me parece turvo, muitas vezes me parece que sãos apenas jogos e manipulações de todas as partes. O fogo segue. Cansado de tantas feridas eu sigo coxo, andando com dificuldades, me apoiando aonde não deveria. Ao olhar pra trás vejo o rastro de sangue que meu coração ao passar por tais caminhos vai colorindo com seu lindo tom de vermelho escuro.

Apenas o sol não me parece hostil nesses tempos de frio em plena primavera.
As flores me mostram um colorido que só pode ser real pra elas, a vida
que nos é imposta é em tons de cinza. Só sobram elas.

Mais uma estrela se apaga dentro de mim, um espetáculo de morte mui belo. Uma supernova feita em réquiem sonolento. O céu já não tem a mesma cor. As flores já não tem o mesmo brilho. Apenas o fogo me parece brilhar.

Leandro Borges

18 de nov. de 2007

meus tempos, ou não só meus


muitas coisas deflagram estes nossos tempos atuais
um tempo que é marcado pelo não saber de rumos
não saber de objetivo, não saber de valores, sem credo, sem ideologia
sem filosofia, sem religião, sem laços firmes, sem família, sem ordem,
sem um mínimo de direção, sem respeito, sem ética, somente o dinheiro vale

onde o ateísmo eh a tendência para muitos que conheço
onde uma família não significa absolutamente nada
onde ter um filho é banal, como comprar um briquedo de carne

onde o amor é algo teórico
há apenas carnes chamam e mandam embora
um lugar aonde o amor fica na ficção e nos sonhos

a realidade sempre nos acaba
mostra o quão raso são as nossas vidas

...

quando tento pertencer ao padrão padeco
quando saio do padrão me sinto uma exeção
não consigo sentir a verdade
vejo apenas a solidão, ando a beira
a beira da vida
a beira do atlântico
outra vez acontece, o que fica obscuro de verdade

teus olhos realmente me fizeram mergulhar neles,
perdido estou dentro de ti

falou o que eu queria ouvir
pena viver tão longe

não sei se posso confiar em ustede

é estranho, o desconhecido se torna o vilão
um devaneio ou mais uma decepção causada por outrém

me da de presente
mesmo que quase impossível
é o que eu mais quero na vida
mas depois se mostra imatura...

é um descaso
ou um abuso

o caso é que me cansa a vida
acende a chama ou me engana

prefiro deixar meu coração adormecido
a ser iflamado e ferido

uma vida de desencontros

um tempo que as pessoas não se encontram mais nas ruas
não conversam mais nas ruas
um tempo que não conhecemos os vizinhos
que as relações entre as pessoas são baseadas em lugares fechados
fechando muitas possibilidades
uma vida menor
causada pelo medo
as ruas ficam vazias
não ha mais uma grande roda de amigos

uma dificuldade de conhecer pessoas novas
ou se conhece estudando, trabalhando
ou em uma noite de ilusões

cansado de uma vida de um tempo que nos poda e nos esteriliza

a única saida que vejo é viajar
mas ao viajar encontro a distância

olho para fora dos teus olhos e não consigo sair daqui
estou aprisionado e sem esperanças

triste estou, fruto do rolar dos dados

uma vida pequena e fria
uma fagulha de sol do céu pode me salvar

espero que a espera valha

Leandro Borges

14 de nov. de 2007

Alice!


Alise
Alice.
Alise.
Alice,
Alise...

É de uma energia explosiva.
Jorra de alegria e prazer.
É uma chuva quase transparente,
quente, envolvente e mui forte.

Leandro Borges

9 de nov. de 2007

Oceano


______cac
_____cach
____cacho
___cachoe
__cachoei
_cachoeira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aO_O_O_O_O_O_
cachoeira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aCOCOCOCOCOCO
__hoeira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aECECECECECEC
__oeira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aAEAEAEAEAEAE
__eira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aNANANANANANA
__ira_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________aONONONONONON
__ra_____c_o__r___r____e_____n______t_______e________z_________a_O_O_O_O_O_O

As águas caem, correm e sonham com a extrema liberdade.

Leandro Borges

Um crime


Se amor for um crime, eu quero ser o maior criminoso.
Se me condenarem pelo crime, que faça para eternidade.

Leandro Borges

Amor-explosão


m__mm__m
_o_oo_o
__oooo
moobboom
moobboom
__oooo
_o_oo_o
m__mm__m
________m
_________mo mo
________a__r__a
_________m___m
__________o_o
___________r

Ao termino do fogo ele permanece.

Leandro Borges

Tempestade

______________________________________c__c__c__c__c

_________________________________________h__h__h__h__h

v_e__n___t____a_____n______i_______a________u__u__u__u__u

_______________________________________________v__v__v__v__v

__________________________________________________a__a__a__a__a


Leandro Borges


5 de nov. de 2007

Não me canço de dizer


São quatro horas da manhã e eu não me canço de olhar os teus olhos.
Aqui aos teus pés, de joelhos, mais próximo posso ver o brilho deles. São raios fortes como o sol. Assim concluo que as estrelas, antes de tu nasceres, tinham menos brilho. Que a palavra amor não tinha sentido. Que respirar não havia um porquê. Que o meu sonho era apenas uma nuvem. E ao verte, entendi que tu eras o próprio. Depois de escutar-te tudo mais me parece ruído. Tudo mais me parece em preto e branco. Tu vens e colore. Não me canço de dizer...
São cinco horas da manhã e eu...

Leandro Borges - 05/11/2007
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